Os aplausos são maiores que um país inteiro |
Ser professor não é uma profissão nada fácil, temos que lidar com diversas situações do cotidiano dentro e fora de sala de aula que nos causam estresse, e ser professor no Brasil é o extremo das dificuldades. Ouvimos mestres dizerem que escolher ser professor no nosso país é consequência de fatores como: falta de opção, cursos mais fáceis, menos concorridos nos vestibulares e Enem, entre outros. Infelizmente, é de se concordar com alguns destes. Imagina-se que uma pequena parcela dos professores brasileiros escolheram sua profissão por afinidade e amor ao que faz. Mas acredita-se que nenhum professor vai trabalhar feliz com o baixo salário que recebe e com as precárias condições de trabalho.
Em países da Europa, Ásia e da América, a exemplo de Estados Unidos e Canadá, os professores possuem boas condições de trabalho e salários dignos de quem representa o alicerce de uma nação. Austrália, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Nova Zelândia, são considerados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como aqueles que possuem os melhores índices em educação. Tal mérito não foi conquistado à toa. A educação nestas nações é realmente levada a sério.
Tomando como referência a Finlândia, país europeu com cerca de 5,5 milhões de habitantes veja aqui, que obteve o primeiro lugar no PISA (Programme for International Student Assessment), avaliação internacional que mede a qualidade da educação de um país veja, podemos criar argumentos suficientes para afirmar que o Brasil não valoriza seus professores. Neste país, os cursos de licenciatura são muito concorridos, chegando até competir com cursos como Medicina, Direito, Arquitetura e Engenharia. Isso se deve aos investimentos pesados feito pelo governo finlandês na área da educação. O título de mestre é o mínimo para poder lecionar, até no ensino infantil. As Universidades disponibilizam de forma gratuita cursos de doutorado e incentiva os jovens a se qualificarem, pois o salário em qualquer esfera educativa não varia muito, seja na educação básica ou superior. "O salário médio de um professor primário finlandês é de 3,132 euros mensais (cerca de 11,8 mil reais). Professores do ensino médio recebem 3,832 euros, e docentes de universidades ganham em média 4,169 euros por mês (15,7 mil reais)"veja aqui. Dessa forma não existe aquela prioridade dos jovens professores de querer lecionar apenas em universidades.
No Brasil, os cursos de licenciatura são os menos concorridos, como já foi enfatizado. E os motivos para tal são dos mais diversos. A grande maioria das escolas não possuem uma estrutura adequada; falta os equipamentos tecnológicos necessários para poder criar boas aulas; boa parte do dinheiro destinado para investimentos é desviado pela corrupção; existe uma grande discrepância nos valores salariais entre os professores das modalidades de ensino. Para se ter ideia um professor da educação básica recebe, em média, cerca de 1.800,00 reais. E esse é o maior piso salarial, caso o docente cumpra com uma carga horária de 40 horas semanais; verifica-se pouco estímulo aos professores no que diz respeito a formação continuada;... E para piorar o Governo está querendo fazer modificações no ensino médio por meio de medidas provisórias, sem ao menos fazer consultas públicas; e tentando aprovar Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241) que congela o teto dos gastos públicos por 20 anos (incluindo investimentos em educação), com a justificativa de conter gastos para aquecer a economia, ao mesmo tempo que aprova o aumento salarial do poder Judiciário. Parodiando a expressão de Euclides da Cunha, nesse país o professor é antes de tudo, um forte.
Alguém pode querer justificar que a Finlândia tem uma população menor que a capital São Paulo - SP e que é muito mais fácil destinar os recursos e fiscalizá-los. Temos que concordar. Mas temos que observar também que na Finlândia esses investimentos ocorrem desde 1970 de forma constante e que o respeito ao professor é visto com notoriedade por toda a sociedade finlandesa.
Para existir respeito o tamanho de uma nação é desprezível.
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