quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Professor que pesquisa, melhora sua práxis

Qual pode ser o meu equívoco?

Segundo Marli André (2001, p. 55) “existe um consenso na literatura educacional de que a pesquisa é um elemento essencial na formação profissional do professor”. Mas, se estamos nos dirigindo ao professor que trabalha ou que está sendo formado para desenvolver sua prática pedagógica nos âmbitos do ensino fundamental e médio – principalmente nas escolas públicas - devemos enfatizar que tipo de pesquisa compete ao professor desenvolver, sobre as circunstâncias que estão atribuídas à sua formação e prática docente.
Esperamos dos professores que eles executem o processo de ensino de forma competente e responsável, sempre pensando em fazer com que seus alunos desenvolvam capacidades cognitivas e intelectuais, e, por conseguinte, conhecimentos significativos para a sua inserção na sociedade. E, sem sombra de dúvidas, como já enfatizamos, esta é uma tarefa bastante difícil e que exige do docente tempo e muita disposição. Reconhece-se que o papel do professor para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem é de suma importância, mas que não podemos confundi-lo com a pesquisa. Pesquisa e ensino são grandezas que se completam, mas que não podem ser igualadas.
Ainda nos apoiando em Marli André (2001), esta diz que:

A tarefa do professor no dia-a-dia de sala de aula é extremamente complexa, exigindo decisões imediatas e ações, muitas vezes, imprevisíveis. Nem sempre há tempo para distanciamento e para uma atitude analítica como na atividade de pesquisa. Isso não significa que o professor não deva ter um espírito de investigação. É extremamente importante que ele aprenda a observar, a formular questões e hipóteses e a selecionar instrumentos e dados que o ajudem a elucidar seus problemas e a encontrar caminhos alternativos na sua prática. (p. 59)


Partindo do pressuposto de que a pesquisa se constitui uma produção de saberes, com coleta e análise de dados, de forma bem criteriosa, que demanda do pesquisador tempo e disposição podemos indagar que, pedir para que o docente cumpra todos estes requisitos não seria esperar demais? Questiona-nos Marli André. O professor possui a capacidade de ser um avaliador da sua atuação em sala de aula. Ora, se houver disposição pessoal do educador para investigar-se e questionar-se sobre suas técnicas e métodos de ensino, e entre outros fatores, podemos responder a esta questão de forma positiva, pois como nos diz Edgar Morin (2003) o professor não deve ter uma “cabeça bem cheia”, com acumulação de informações e sim uma “cabeça bem feita”, com conhecimentos e saberes, mas que estão em constantes reformulações. Para Morin o docente deve sempre buscar reformar o pensamento para reformar o ensino, e reformar o ensino para reformar o pensamento. Com base nestes fundamentos pode-se dizer que, se o professor em sua formação, como também em sua prática docente se auto avalia, ele está desenvolvendo uma atividade de pesquisa de sua própria identidade. Avaliar sua desenvoltura na sala de aula se constitui o objeto de estudo do docente, e toda pesquisa é iniciada com seus elementos de estudo. O professor trabalhando dessa forma será um investigador do seu próprio trabalho, se utilizando da observação como sua principal técnica de obtenção de dados. 
O professor, enquanto investigador de sua formação e prática docente fornecerá contribuições para melhorar o processo de ensino-aprendizagem dos discentes.


Texto extraído e adaptado de minha monografia para Especialização em Ensino de Biologia: Professor pesquisador: aquisição de saberes e uma nova prática docente no ensino de Biologia da Educação Básica

Fonte: 

ANDRÉ, Marli (org.). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Pesquisa, Formação e Prática docente. Campinas, SP: Papirus, 2001, (p. 55 – 69);

MORIN, Edigar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. tradução Eloá Jacobina. - 8a ed. -Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2003;

MOREIRA, Marco Antônio. O Professor-Pesquisador como instrumento de melhoria do ensino de ciências. Em Aberto, Brasília, ano 7, n. 40. Out./dez. 1988;

NEVES, José Luis. Pesquisa Qualitativa – características, usos e possibilidades. Cadernos de Pesquisas em Administração. São Paulo, V. 1, N° 3, 2° SEM./1996;

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