terça-feira, 29 de novembro de 2016

A escola dos sonhos

O sonho se torna realidade quando você quer que isso aconteça

        Rubem Alves, escritor, educador, psicanalista, autor de dezenas de livros, é um pensador brasileiro contemporâneo que faleceu a pouco tempo, mas que deixou eternizadas suas obras, principalmente referentes a educação. É o autor do livro, A escola que sempre sonhei sem Imaginar que pudesse existir, escrito após sua experiência na Escola da Ponte em Portugal. Escola que o mesmo considera a Escola dos sonhos! O que nós professores devemos considerar como a escola dos sonhos? Com base nesta ideia vamos alimentar nossa reflexão.
        Escola nos mais variados dicionários tem os seguintes significados: " 'estabelecimento de ensino'; 'conjunto formado pelo professor e seus discípulos'; 'os professores'; 'doutrina, sistema'; 'instituição que tem o encargo de educar, segundo programas e planos sistemáticos, os indiví-duos nas diferentes idades da sua formação'; 'edifício onde se ministra o ensino'; 'conjunto formado por alunos', 'professores e outros funcionários de um estabelecimento de ensino'; 'conjunto de experiências que contribuem para o amadurecimento da personalidade e/ou que desenvolvem os conhecimentos práticos de determinado indivíduo' ". O que consideramos como escola é uma constante variante. Não encontramos significativa concordância quanto a sua definição, mas podemos conceituá-la com base nestes preceitos, como um lugar em que há ensino e aprendizagem; onde se re/constrói pensamentos, ideias e conhecimento; e o professor e o aluno são sujeitos importantes neste ambiente; Nem sempre o que está escrito é posto em prática como deveria ser...
            A escola da realidade que presenciamos é aquela em que não há o processo de descoberta do conhecimento. Boa parte dos alunos estão apáticos e não se permitem aprender; percebemos alguns professores desmotivados e sem esperança na mudança...na mudança de pensamentos e posturas, tendo em vista o devastador sistema de ensino, que em muitas vezes, os obriga a aceitar certas situações constrangedoras quando se trata da ética e da moral do magistério, como por exemplo: aprovação de alunos sem o devido conhecimento construído no ano em questão; Então a escola dos sonhos não passa de uma utopia?
             No livro acima citado de Rubem Alves, destaca-se os seguintes relatos:
[...] Essa rede livre de comunicação, responsabilidade e ajuda estava silenciosamente exibida em dois quadros afixados na parede. Num deles estava escrito: preciso que me ajudem em..., no outro, Posso ajudar em... Qualquer aluno que esteja com um problema, antes de procurar a professora, escreve o seu pedido no primeiro quadro: “Preciso que me ajudem em regra de três”, e assina o nome, Fátima, por exemplo. Aí, o Sérgio, passando pelo quadro, vê a mensagem da Fátima e pensa: “A Fátima não sabe regra de três. Eu sei. Vou ajudá-la.” E isso acontece naturalmente, é parte do cotidiano da escola. Não é preciso pedir licença à professora e nem há hora certa para se fazer isso. O segundo quadro é o contrário: quando um aluno se sente competente em um saber, ele o anuncia aos colegas e se coloca à disposição. A capacidade de ensinar um saber a alguém vale por uma avaliação. E é o aluno quem a faz. É ele que se sente competente. Assim vão eles praticando as virtudes de ensinar, de aprender e de se ajudarem uns aos outros.
           A educação brasileira parece ser um ser vivo que está sempre em constante processo evolutivo. Não temos ainda uma identidade, uma personalidade de pensamento e ideologia no que se refere ao ensino e a aprendizagem. Isso não significa dizer que não podemos fazer cópias daquilo onde podemos observar a esperança que tanto Paulo Freire citou em seus escritos. Tratar, definitivamente, o aluno como um ser pensante que tem a capacidade de re/descobrir e re/construir o saber é uma meta de quem almeja uma escola dos sonhos; um lugar em que se verifica na sua totalidade a força da educação; um ambiente movido pelo motor do conhecimento onde o aluno aprende com o outro aluno e o professor não fica preso a um único meio de avaliação.
         A escola dos sonhos sempre terá como grande diretor e gestor, aquele profissional que sofre com os problemas da escolarização, mas que não desanima e que não joga a toalha: o professor. É sabido que uma andorinha só não faz verão, mas o movimento de uma única peça no jogo de xadrez faz um grande estrago na partida.
           Sejamos então essa peça de xadrez, que ao se movimentar faz com que todas as outras sejam obrigadas a sair do seu estado de repouso e querer avançar rumo a vitória.
            Nós podemos ser a escola que desejamos ser, mesmo que os obstáculos pareçam ser invencíveis, não podemos desistir.

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